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Tag Archives: Patricia Highsmith

“Dava-se conta de que os momentos que passavam eram como um tempo irrecuperável, uma felicidade irrecuperável, pois naqueles últimos segundos ela poderia se virar e ver o rosto que ela jamais veria de novo.” (p. 41)

“A felicidade era um pouco como voar, pensou, como ser uma pipa. Dependia de quanto barbante a gente dava…” (p. 95)

“E para que se preocupar com a definição de tudo?” (p. 101)

“[…] e o fato de não fazê-lo deixou-a tensa e alerta, encheu-a de uma exaltação reprimida, porém temerária.” (p. 216)

“Therese já lera sobre o prazer especial que as pessoas têm ao ver que a pessoa que amam também exerce atração sobre outras. Ela simplesmente não era assim.” (p. 218 )

“Se sentia alguma vez o ímpeto de contar a Carol, as palavras se dissolviam antes de ela começar, de medo e de sua habitual desconfiança das próprias reações, da ansiedade de que suas reações não fossem iguais às de ninguém e de que portanto nem Carol fosse capaz de compreendê-las.” (p. 218-219)

“[…] aquela reação impetuosa em ambas, como se seus corpos fossem feitos de substâncias que, quando combinadas, criavam inevitavelmente o desejo.” (p. 224)

“[…] saboreando a situação esquecida de estar sozinha. Era apenas um estado material. Na verdade, não se sentia sozinha em absoluto.” (p. 244)

“As pessoas ainda me perguntam de você. O que você espera que eu diga a elas? Pretendo contar-lhes a verdade. Só assim consigo livrar-me dela — não agüento mais carregá-la comigo.” (p. 253)

“Porém a questão mais importante não foi mencionada nem pensada por ninguém — que o ajuste entre dois homens ou duas mulheres pode ser absoluto e perfeito, de um modo que jamais pode ser entre a mulher e o homem, e que talvez certas pessoas desejem exatamente isto, enquanto outras desejem aquela coisa mais incerta e movediça que acontece entre os homens e as mulheres. Foi dito ontem, ou pelo menos insinuado, que meu rumo atual me levaria às profundezas da depravação e da degradação humana. Sim, eu me rebaixei bastante desde que eles te tiraram de mim. É verdade, se eu tivesse que continuar assim, espionada, atacada, jamais possuindo alguém por um tempo suficiente, de modo que o conhecimento de outra pessoa acaba se tornando algo superficial — isso sim é uma degeneração. Ou viver ao contrário do que se é, isso sim é degradante por definição.” (p. 261)

Carol / Patricia Highsmith ; tradução de Roberto Grey. — Porto Alegre : L&PM, 2006. — 296 p. — (Coleção L&PM Pocket ; v. 524). — Título original: The price of salt.